segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Amor

Te tenho tão tranqüilo que adormeço em mim
Mantenho quieto,
Espero o vai e vem das ondas
Desperto no parar das horas
Quero agora ser sempre eu,
Encontro lógicas tão estúpidas quanto belas,
Perco a noção quando encontro razão,

Pra não enlouquecer,
Enveneno-me
Acredito em novas idéias
Juro amores vãos
Deliro por dias
Agonizo em palavras
Gritos na imensidão
Pra não enlouquecer,
Crio verdades
E nelas me perco

E quando sóbrio desperto,
Sem medos ou desejo qualquer
Não encontro o lugar onde estava
Nem te procuro, no delírio da sobriedade
Sem ao menos saber de mim,
Sei-te lá


Felipe Argiles Silveira

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Ao passo do tempo

Faço-me de passado
Faço-me do agora
Crio-me do instante
E no instante concluo...
Aproveito,
Desfruto,
Danço no tempo,
Observo autores
Observo a vida
Poetas,
Desfaço mitos
Absorvo gritos
Destruo pudores...
E quando me sinto só
Remoo acervos
Encontro destinos
Prevejo caminhos
Desmistifico,
Descubro,
Desalinho
E no passar das luas
Concluo...
Destruo,
Anterior resolução
Luas anteriores
Amores anteriores
Caminhos anteriores
Vidas anteriores
Percebo...
O fim não tem fim
Cabeças afins não têm não
E ao passo das luas
Criam-se novos amores
Alguns descobrirás
Outros passaram


Felipe Argiles Silveira

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Queria ser um gigante

Um dia quis ser um gigante
Forte, alto, tão grande quanto era
Não precisava voar para enxergar longe
E as distâncias encurtavam-se aos passos
A cabeça por cima das nuvens,
Os pés altos demais...
Tropecei em montanhas,
Pedras pequenas,
Buracos...
Acabei tropeçando em mim,
Um dia quis ser adulto
Era livre e tão sábio
Entendia as coisas e os seres
Compreendia o mundo como um todo
A cabeça afogada em problemas
Os pés cansados da correria...
Tropecei nos cadarços,
Na pressa,
Em pessoas...
Acabei tropeçando em mim,
Um dia quis ser uma formiga
Ágil, trabalhadora, tão pequena quanto era
Passaria embaixo das portas e por cima de tudo
Escalaria paredes e barreiras enormes
Na cabeça tudo tão longe
Os pés colados ao chão...
Tropecei nos desejos,
Nos amores,
Solidão...
Acabei tropeçando em mim,
Um dia quis ser criança
Pensei...
Pensei...
Pensei...
Criei poesia.


Felipe Argiles Silveira

domingo, 14 de outubro de 2007

O Poeta

Poeta é quem da voz às coisas
Quem escuta os ventos, os rios,
Assovia com os pássaros,
Nas sombras e pedras do caminho.
Poeta é aquele que enxerga o invisível aos olhos,
Transforma os sentidos em cores
Traduz o impensável em letras e flores
É viajante eterno
Sem rumo,
Sem porto,
Sem leito,
E no vão das horas é sonho...
Há quem diga que é louco
Desnorteado pela música que ouve
Música das coisas, dos ventos, dos pássaros
Poeta é quem escuta o que não é pronunciado
Sente o que não é transmitido,
Escondendo-se atrás de um sorriso,
E em momentos certos se perde no caminho
É poeta quem com a embriaguês do tempo,
Esse que carrega tudo e a todos,
Consegue parar as horas e respirar tranqüilo
Traduz em palavras sem sentido tudo o que mais lhe pesa e acalma,
Poeta é aquele que sonha enquanto todos os outros apenas dormem...


Felipe Argiles Silveira

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Plano de fundo

Somos as vezes só plano de fundo, as reações acontecem diariamente e instantaneamente para todos. Nos habituamos a ver a vida com nossos olhos e seguir apenas o que vemos, apesar de saber (egoístas) que todos fazem a mesma coisa. Esse ritual irracional tão planejado da origem a múltiplas reações.
As interpretações do espaço e tempo são analisadas de maneira diferente por cada um de nos, já que os pré-requisitos que usamos para reflexão são baseados em experiências diferentes.
O lugar onde todos fazem parte do nosso plano de fundo é o mesmo em que nos tornamos o plano de fundo. Todas nossas infindáveis observações entram em choque com outras tão absurdas e loucas que nossos sentidos não seriam capazes de organizar e digerir.
Essas informações invisíveis voam desordenadas sobre nossas cabeças, que de tão ocupadas e distraídas não percebe esse imenso universo distante dos olhos. Os outros sentidos estão ocupados com o bater das horas e compassos marcados pelo ritmo imutável.
Assim esse plano tridimensional engasgado de informações criadas por nossas experiências, se torna misterioso e apavorante. Quem consegue imaginar o plano de fundo sem um fundo qualquer voa sobre ele, porem não absorve as experiências dadas pelos choques que se fazem tão necessárias para o crescimento.


Felipe Argiles Silveira

domingo, 7 de outubro de 2007

O bom é brincar

O bom é brincar
E se perder na brincadeira
Encontrar suas viagens,
E se perder de novo.
Brincar de ser rei
Sair do castelo
E rir das flores, dos cheiros
Rir do medo, do desejo
E rir de si mesmo,
Ser ridículo
Que aos olhos alheios absurdo seja,
Meus atos, meus gritos, meus lados
Brincar de ser eu mesmo
De ser todos que quiser,
E no fim da brincadeira,
Os lugares, os cantos as danças que dancei
A lua, o sol, a floresta, os mares, os amores
Todos os quais toquei
Sejam diferentes a cada segundo
E comecem de novo a brincadeira


Felipe Argiles Silveira

domingo, 30 de setembro de 2007

Idéias

Chega do nada
Nas horas erradas
Chega e fica,
Passa, vai, vem e volta
Torta, engraçada
Não se explica
Não se guarda
Divide-se com os loucos
Afoga-se num copo
Elas surgem
Carregam-me com elas
Passa, vai, vem e volta.


Felipe Argiles Silveira

O sonhador

Não segue a linha
Não trilha os caminhos
Caminha sozinho nas ruas que cria
Inventa seus passos
Procura o errado
Enrolado no mundo que gira
E gira e gira
Carrega o tempo
E o vento que voa
E gira e gira
Tropeça, levanta e voa
Sozinho...


Felipe Argiles Silveira

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Castelo de cartas

Quanto menos te digo
Mais o certo serei
O errar não tem sentido
No tempo que não tem

O pouco que te completo
Da espaço pro que eu não sei
Te preenches com o abstrato
Do lugar que não toquei

Enquanto menos me sabes
Menos assim errarei
Por falar meias verdades
És a princesa eu o rei


Felipe Argiles Silveira

terça-feira, 18 de setembro de 2007

O tamanho das coisas

Tem horas que pensamos não saber de nada, tudo é tão vago, tão superficial.
Desaprendemos a reconhecer coisas simples e especiais.
A chuva não molha mais ninguém, as cartas viraram e-mails e chegam todos os dias, as conversas e os olhos são separadas por um vidro, as coisas estão sempre tão perto e os sonhos acabam ficando sempre tão longe.
Olhar nos olhos de alguém é muito raro...
Conhecemos tantas pessoas que não temos tempo de mostrar quem somos e ficamos com medo. Medo desse lugar, onde errar não é humano e o humano não tem lugar.
Cada um esconde-se como consegue, guarda seus medos, seus versos e flores.
Encontrar alguém pra dividir parece sem sentido nesse mundinho, solitário com tantas pessoas onde acumulamos pros outros e sem nada ficamos.
A vida continua do mesmo tamanho, nos que vamos diminuindo...

Felipe Argiles Silveira

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Sobre estrelas

Em profundo e escuro canto
Não passa nem sol nem lua
Passa largo, meu encanto,
Que desaba, a pele nua.

Sempre encontro motivos
Ao caminhar sobre estrelas,
Perco meus rudes sentidos
Ao pisá-las sem vê-las.

Descubro desejos finitos
No passar dos meus dias
Sombras escondem perigo,

Sem qualquer rebeldia
À noite, invento o mistério
No caminhar das estrelas.

Felipe Argiles Silveira

domingo, 2 de setembro de 2007

Razão

Procuro razão pra não ter razão
Quando me perco na lenta noite
Se minha razão foi sempre você
Que esconde a razão em seus beijos

Quero a razão escondida no ser
Um ser de razão, completo por pouco
Errei novamente ao deixar me perder
Com poucas palavras e lindo olhar,

Perdi a razão e os sonhos de novo
Não existe razão na razão do ser
Não ter razão enlouquece os outros

E o pouco que sei do meu ser ou não ser,
Não encontro razão a não ser por você
Perdido nas horas desse tempo louco


Felipe Argiles Silveira

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Novela

Por um instante no dia todos perdem a consciência
O mundo ensurdece na frente dela
Olhos voltados para uma caixa escura
Onde dentro há cores que mudam todo momento de lugar
Embaralham, enrolam olhos vidrados
Olhos cansados do preto e branco dos dias
As cores dançam com leve vento,
E a imaginação cansada do peso do tempo,
Descansam nos segundos que se vão.

As flores morrem com a rotina,
Na caixa mágica a rotina é inventada
Tudo se cria da maneira que se deseja
Porém influencia na rotina de cada um
Manipula-se vidas mortas com alegrias coloridas,
Fazem a vida perfeita,
Jogam todos os defeitos em um futuro falecido,
E na hora da continuidade da história,
Onde o nada e a monotonia tomariam conta de todos,
Simplesmente três letras coloridas anunciam um ponto final
E daí?
E agora?
O que será dela sem seus problemas?
Mas isso não tem importância
Problemas novos virão amanhã
Idênticos aos já resolvidos, mas novos
Soluções fáceis geram problemas complexos.

Porém os olhos cansados se encantam
Até lágrimas escorrem no meio de toda poeira
E o cheiro e o gosto de realidade
Acho que nunca sentiremos.


Felipe Argiles Silveira

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Papel em branco

Um papel, uma caneta e uma história na cabeça,
Pra escrever mentiras que escondo de mim
Teu beijo, tua boca pra esconder meus lábios,
Que falam pros outros tantas besteiras
Te inventei na medida, to tamanho que quis
Pra caber minhas loucuras e minhas verdades
Pra saber dos meus medos e guardar meus segredos
Te criei do avesso assim como sou
Me apaixonei por mim...


Felipe Argiles Silveira

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Como ser?

Me irrita
Lembranças
Frases jogadas
Caídas ao acaso
Em bocas erradas

Me irrita
Esse estar parado
Sempre parado
Esperando por mim
Este estar cansado
Esperando os outros

Me irrita
Falta de coragem
Me irrita bobagens que saem de ti
À noite, a volta sozinho
A morte,
Me irrita a sorte de te ver aqui

As tardes são tristes
O sol não desiste de me fazer sorrir
De iluminar os passos,
Não ignoro os traços que deixou em mim

Me irrita a lua
O tédio,
Os dias que passam
Como as águas lentas de um rio sem fim,
Carregam as mágoas
Que quero que fiquem
Pra esquecer das horas que passei feliz


Felipe Argiles Silveira

domingo, 5 de agosto de 2007

A criança e a bicicleta

Era larga avenida
Ali passavam tanques
Naves espaciais
Passava no fim da tarde
Ate o sol por ali,
Grandes árvores e montanhas
Escondiam aquele caminho secreto
Infinito e reto
De concreto,
Por ali passavam monstros
Passava a formiga, a borboleta
E a bicicleta sem rodinha
Era longo o trajeto
Ate a nogueira
E quando a tarde se fazia pequena
E lua escondia seus segredos no quintal
Era apavorante o caminho
Curto e torto
Dois ou três passos,
As árvores adormeciam
E com ela os monstros
E a bicicleta vermelha,
Os velhos dormiam cedo
A janela se fechava
A porta
E o caminho escuro atrás delas
Que se enxerga apenas
Por uma fechadura antiga
O tempo que voava
O sol que corria pelo céu
O vento
E ate o barbudo contador de histórias
Todos dormiam cedo
E o caminho renovava seus segredos.


Felipe Argiles Silveira

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

No outro lado

Esquecer do lado contrário
Com vem sempre à maioria,
Minoria sabia, tão justa
De boas maneiras, corretas e planejadas
Reprovadas como seus donos.
Donos de posse,
Donos do certo,
Donos do dano,
Prevêem o incerto com arrogância,
Fazem da pequena criação seu caos
Fazem do antigo padrão seu pão
Sábios são eles que trocam moedas pro vidas.

De lados contrários
Avesso em sonhos,
De simplicidade,
Da vida de poucos

A maioria gira o mundo
Leve e breve como a primavera.
Moedas pesam muito,
Abafam os gritos.
Vozes de falsos sábios,
Esquecem de lados contrários.


Felipe Argiles Silveira

Mundo relativo

Separei em mil pedaços
Um pedaçinho de nada
Parte pequena, apenas pra mim
Porém com o tempo,
O tempo que tudo mostra

Do meu pedaço já não gosto!!!
Apertado me sentia
Correr não podia ali, pular não podia ali
Gritei comigo,
Quero um pedaço maior!!!

Observei os meus lados,
Sonhei acordado com meu pequeno pedaço
Imaginei e ultrapassei fronteiras
Imaginarias fronteiras.
Os pedaços se juntaram,
E do pequeno pedaçinho um pedação surgiu.
No mesmo lugar meus pés pisavam
Porém lá do alto,
De onde minha mente estava,
Via um universo imenso
Pedaços onde nem o sol tocava
Porem lá do alto,
De onde eu me encontrava,
Meus pés flutuavam
Em nuvens pisavam sem o chão tocar.


Felipe Argiles Silveira

domingo, 29 de julho de 2007

Palavras no vento

Palavras são de todos,
Não tem donos nem preferências
São livres por natureza
Basta conhecê-las.


Felipe Argiles Silveira

sábado, 28 de julho de 2007

Se não te escrevo

Se não te escrevo...
É porque fogem as palavras
Palavras definem, palavras limitam,
Sua pura imprecisão

Se não te escrevo...
É porque não cabe em linhas
Linhas são retas, linhas terminam,
Começam maiúsculas e acabam em pontos
Desfaz sua grandeza

Se não te escrevo...
É porque não encontro versos
Versos tem métrica, versos tem rima,
Fogem da tua lógica, do seu padrão incerto

Se não te escrevo...
É porque não te prendo em folhas
Folhas amassam, folhas se rasgam,
Não mantêm sua beleza

Se não te escrevo...
É porque não te resumo em poesia.


Felipe Argiles Silveira

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Espuma branca

Sonhar acordado
Sair do fechado
Entender o errado
Viajar sentado
Esquecer o passado
E sentir a brisa

Invadir o proibido
Rir do perigo
Perder o sentido
E o momento exato

Esquecer o trabalho
A rotina e o tempo
Sentir o vento
Do segundo incerto
Carregado pela onda
Do mar de idéias
E pela espuma branca...


Felipe Argiles Silveira

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Filosofar...

Vida se da no descuido, surge do erro cotidiano, das infinitas possibilidades de idéia. Combinação de termos instantâneos que ao acaso jamais se tocariam. É choque entre coincidências, infinitas variáveis e imutáveis constantes.
Vivemos entre milhares de receitas, conselhos fundados em observações duvidosas e idosas na maioria das vezes. Nascemos com pré-caminho a ser seguido, ignoram e condenam nossas conclusões existenciais, essas indispensáveis e necessárias para nossa própria paz.
Ai tudo vira rotina, nos obrigam a viver no compasso, sem nem perguntar o que a desordem desse universo de possibilidades nos transmite. É proibido qualquer tipo de observações despadronizadas, por outros olhos, infundadas, porem indispensáveis as necessidades de cada um.
O pensamento nos afasta do instinto, nos da à capacidade de discerni nossa própria lógica, assim podemos escolher entre viver nossas próprias vidas ou viver a vida “correta”, imposta por quem desconheço.
Vida se da no acaso da combinação certa, é arte.
Espero que se alguém descobrir o segredo da vida saiba guardar segredo.
Faça do universo uma caixinha de sapatos, dentro dela você pode colocar tudo que tem vontade, tudo aquilo que cabe lá dentro “por você”. Nunca tente entrar na caixinha, ou aprisionar alguém lá dentro, o universo é infinito porem não cabemos nele.
Crie-se em todo instante da sua inexplicável e fantástica viajem. Passagem por esse incompreensível mágico caminho. Brinque de ser você, entenda-se.


Felipe Argiles Silveira

quinta-feira, 12 de julho de 2007

Assim foi...

Foram com ela meus segredos
Assim tão fácil, sem perguntas,
Dormir e esquecer desejos

Levou todo mistério escondido com ela
Pras risadas de outra hora
Essas sozinho passarei.
Levarei anos pra cada segundo
Preenchendo espaços que deixou

Da tristeza farei um remo
Da saudade um barco
Caberá o mundo, meu mundo pequeno
Que um dia escondi pra ti

E esse vento...
E essas ondas...
Que me arrastam pra onde desconheço

Contra o vento perco o remo
Contra as ondas o meu tempo
E esse céu azul...
E esse sol tão forte...
E esse mar tão claro...
É hora de mergulhar
Mergulhar em mim...


Felipe Argiles Silveira

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Frases viradas

Escrevo tantos versos
Acabo me perdendo,
Me perdendo em ti.

Me procuro no silencio desse quarto escuro
Onde escrevo sem ver essas cegas palavras,
Cegos leitores não vão entender...

Não se encontram,
Não questionam, obras do acaso,
Desse mundo raso, vazio de poesia.
Também não sei onde estou aqui dentro.
Se dentro de mim, se dentro de ti.
Porem questiono, observo o momento,
Procuro nos versos que escrevi,
Um sentido qualquer.
Pro tempo,
Pras horas que passam e te levam de mim.
Ninguém entende frases viradas
Vagas palavras não fazem sentido pra olhos cegos.


Felipe Argiles Silveira

domingo, 24 de junho de 2007

Ilusão...

Falto chão pros nossos pés
Faltou onda e estrela cante,
Pra confessar segredos.
Mãos geladas, olhar pausado,
Inverno, outono, casa na praia,
Faltou conversa
Queria roubar teu sorriso,
Eu preciso do teu sorriso
Foi teu olhar apaixonado que faltou
Falto entrega e um pouquinho de saudade

Sobrou o céu o mar
Pra descansar das palavras,
Todas que guardei pra ti.
Sobrou inverno, minhas mãos geladas,
Meus pés sozinhos na noite que se arrasta
Ilusão...
Não sobrou nada.

Felipe Argiles Silveira

terça-feira, 19 de junho de 2007

Correnteza de poesia

A água que viaja,
Que escorre pela mesma margem
Água que carrega,
Partes soltas de um leito frágil
Pedras afundam, somem nas águas.
Águas viajantes da memória
Às horas carregam o vento,
Tão lento quanto esse rio de lágrimas
Barcos flutuam,
Tocam o horizonte inalcançável
Reflete nas águas a imprecisão do seu rumo.
Rio engoli, horizonte e barcos.
Carrega todos pro mesmo lugar
Leme solto na direção das pedras
Parece vazio o fundo do rio
Lá água brota, poesia nasce.

Felipe Argiles Silveira

Perfeição

Seria todo apenas um dia,
Sempre seria e serei por você.
Queria ser água em tarde chuvosa
Seria sorriso de pleno prazer
Seria saudade, uma vida passada,
A tarde cansada que passa sem ser
Queria ser sonho, ser beijo sem magoa,
Saudade apagada, uma triste canção,
Queria ser grito no meio do nada
E nada seria em meio à razão.

Seria por ti a primavera eterna,
No seu inverno, rosa no chão.
Queria ser vento e tocar seus cabelos
No infinito do céu levar teus desejos.
Ouvir os teus medos acaba com os meus
Te daria as estrelas, meu sul, meu espaço
Pois pro meu embaraço, tu és solução.
Na madrugada és sol é luz do reflexo
No tempo sem nexo es inspiração
Infinito seria, perfeição.

Felipe Argiles Silveira

Tenho medo do domingo

Tenho medo do domingo, tarde morta quieta traz a angustia em seus ombros.
Tenho medo do domingo, onde minha mente vazia é morada pra tristeza que vem de longe.
Tenho medo do domingo, tempo onde o delicado e a estupidez são amigos íntimos e brincam juntas no cair da tarde.
Tenho medo do domingo, das ruas mudas, dos becos mortos, paredes surdas.
Tenho medo do domingo, os perigos não estão à vista, estão descansando, tranqüilos em casa, na espera da madrugada.
Tenho medo do domingo, nem os pássaros cantam, nem o vento sopra, nem os rios correm, apenas o tédio é companheiro e me persegue com a programação pobre da TV que é alimento pra essas mentes secas.
Tenho medo, medo do domingo, buraco sem fundo, onde o nada é simplesmente o que nos resta.
Tenho medo do domingo, apenas à certeza do incerto, mundo quieto porque amanhã é segunda.

Felipe Argiles Silveira

Inspiração

É sair do mundo durante um momento
Dar asa as palavras que voam no vento da imaginação
Correr pelo nada e chegar a seu caminho
Dar vida ao espírito que repousa na imensidão

É criação, descompasso, desalinho
Linha que se estende nos inconscientes
Fruto da despadronização das almas
Filho novo que berra e se acalma

É onda de inspiração que adormece os seres
Primavera constante dos loucos incompreendidos
Lagrimas que abandonam os olhos dos amantes

Descendo pelo papel rabiscando desejos
A poesia da vida é o inexplicável dos seres
Que surge ao vento e sopra suas canções

Felipe Argiles Silveira

Poeta

Ele passa solitário no meio de todos
Pensando em que tanto, os outros pensaram.
Desenhando seus poemas, flutua,
Voando leve no seu próprio tempo
Sábio e solitário passa despercebido
Visto apenas pelos olhos certos,
Mágico não reconhecido.
Carrega seu guidon pelas ruas
Observando, guiando, sonhando
Às vezes parando,
Mas nunca no mesmo lugar
Caminha de pressa, guia preciso,
Na imprecisão das coisas, dos outros,
Faz da palavra sua magia
Faz da sua arte, encanto,
Para outros tantos solitários como eu.

Felipe Argiles Silveira

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Tempo passado

Tão frágil parecia,
Esgotou-se o tempo
Caiam pedras, choviam lágrimas,
Todas as verdades escondidas de baixo de um sorriso claro
Já haviam ido os dois últimos que confiavam,
E o barulho ensurdecedor do relógio, perto da porta...

Parecia tão forte
Esconderia os cortes,
Para alguns que ainda restavam
Abraçaria a sorte e fechado sorriria
Dançaria nas mágoas,
Se afogaria nas águas que dos olhos escorria

Tempo passado,
Tão seguro parecia
Voando tão alto sem asas,
Pairando pelos ares...

Esgotou-se o tempo
Caiam pedras, choviam lágrimas.


Felipe Argiles Silveira

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Poeminha

Te dou minha poesia
São apenas palavras, escritas viradas,
Sentidos e sentimentos atirados no papel.
À tardinha vem chegando...

Te dou o sol,
Pra que guarde toda luz.
Poderá enxergar teus pés, ver onde pisa.
Que não pise nas palavras
Perigo de cair no vazio, no papel que tudo aceita.

Te dou toda saudade
Pra entender minha poesia,
Mergulhe nos versos da alma
E te seque ao sol.

Felipe Argiles Silveira

terça-feira, 12 de junho de 2007

Borboletas

Levem meus amores,
Acabem com meus medos,
Fico com idéias, projetos e planos,
Não imploram, não exploram.
No outono decolam como as borboletas
Se vão, mas não choram.

Felipe Argiles Silveira

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Sobrepasso

Passo a passo,
Pé por pé,
Contorno o caminho,
Enxergo longe,
Não vejo nada
A luz ofusca...

Caminho na noite
Por todo o caminho
Não vejo buracos,
Não vejo nada...

Para sozinho
No meio da estrada,
O tempo passa
O tempo passa...

Corro e desvio,
Apuro meu passo,
Tropeço e caio,
No meio do nada

Adormeço e acordo,
No meio de estrelas
No meio das flores
Encontro você
Esqueço o caminho,
A estrada e a pressa
Não lembro do tempo
Não vejo buracos
Fecho meus olhos
E vôo...

Felipe Argiles Silveira

Sem fim...

Quero ser seu amigo, seu amor
Ser seu sorriso mais tímido e sincero
Quero ser o dono do tempo pra segurar os segundos
Eternizar beijos e esquecer das lagrimas
Quero ser seu desejo seu cheiro
Quero ser o tempero da vida tranqüila
A rede q balança e as ondas que tocam a praia
A calma nas horas sofridas, o sonho das noites vazias
Quero ser poesia...
Companheiro seu guia
Quero aprender a beijar sua boca,
Entrar nos seus olhos e descansar nos seus lábios
Quero ser a cama o filme a luz do seus dias
Quero ser sua poesia...
Da risada da vida, dar vida aos planos
Sentir o vento q esfria, sentido ao tempo q corre
A vida q passa...
Quero estar sempre ao seu lado


Felipe Argiles Silveira

O Castelo e a Rosa

Na relatividade da vida gênio é quem compreende as coisas mais simples, da valor aos momentos, eterniza cada segundo dando o devido valor pras pessoas.
As vezes demoramos muitos anos pra confiar em uma pessoa mas em um segundo pode cair o castelo de cartas, tão frágil, construído com cautela.
Errado quem se constrói a partir do seu redor, sábio aquele que faz do seu interior seu primeiro mundo, modificando assim todos na volta.
Como é difícil agüentar os dias sem alguém que modifica nosso mundo quando esta perto.
A idéia do amor é tão relativa quanto à vida, às infinitas maneiras de expressar essa palavra fazem da vida algo tão mágico que o sonho da eternidade nos persegue.
Agora penso que se a vida eterna fosse uma realidade o que faríamos contra o tédio dos dias sem nossos amores?
O segredo de tudo ta na constante modificação do nosso espaço, só assim podemos terminar com a monotonia. Quando os amores se forem peço quem junto com eles me levem, construiremos juntos todos os momentos, assim vivendo eternamente.

Felipe Argiles Silveira

Rotina


Mais uma vez ninguém olhou pra lua
Já é tarde as casas dormem no mais profundo silencio
As ruas lentas escondem algum mistério
Os homens dormem
Os pássaros já deram seu ultimo canto
Apenas o vento passeia livre pela rua
A lua calada ilumina a cidade q repousa tranqüila
O dia foi embora mais uma vez
Sem ninguém perceber
As horas passam
E com ela levam a lua
Os corpos despertam e tomam seus lugares
O movimento vai tomando conta das ruas
Os pássaros tossem com a fumaça
Muitos barulhos, muitos gritos.
O sol brilha muito forte o calor é insuportável
Os homens correm pela cidade
Ninguém olhou a beleza do céu nem o azul do mar
E as horas passam
E com ela levam o dia
As horas levam a juventude, levam a beleza
Levam a nossa vida
Faça com que as horas levem a rotina
Seja dono do seu tempo
Seja seu

Felipe Argiles Silveira