sábado, 16 de maio de 2009

O errar exato

As vezes penso que posso ser um engenheiro frustrado. Que toda essa lógica e exatidão de nada nos serve. Essa pequena parcela de mundo onde um mais um é dois, as vezes nos cansa pois a solução está sempre atrás da primeira pedra a ser erguida. “Deixe o sentimento de lado, não podemos construir com o sentimento” já dizia um professor meu. Apenas o exato é valido, assim fizemos as nossas previsões, esse prédio será construído dessa maneira, essa máquina trabalhará tantas horas por dia, esses fios terão tais diâmetro, e vamos vivendo de um perfeito monótono.
Quem me dera trabalhar como um poeta e me esconder da lógica atrás de alguma palavra qualquer. Quem me dera erra na conta dos sonhos “desequacionando” a criação e simplesmente rir com a embriagues do acordar perdido. Me perder em contas, errar todos os sinais, esquecer antigas fórmulas que só ajudam aqueles que não tem a capacidade da dedução. E como é fascinante o descobrir...
Queria um dia ser um desses que anda pela vida sem exatidão, que se engana, erra e se engana de novo e erra novamente. Queria perder a capacidade de longas previsões, olhar o segundo seguinte e sorrir aos olhos do novo ou chorar se assim fosse de meu querer. Queria ser como uma criança que inventa suas brincadeiras, independente do sol, da lua, da chuva e da solidão. Quero olhar todos os mundos possíveis e tirar de cada um o meu entender.
Na equação da vida somos apenas somas de experiências. Reciclamos aquilo que não é válido e subtraímos as partes ruins. Somos então uma soma (certa ou errada, tanto faz) de tudo, de todos e de tantos. Tantos estes que por ai estão, no equacionar dos dias, com precisão ou sentimentos, em uma caixa chamada tempo.
Não consigo esquecer os sentimentos, como sugere meu mestre, talvez tenha um pouco de poeta essa alma de engenheiro, quem sabe essa alma de poeta tenha um pouco de engenheiro só o somar das horas vai nos contar esse segredo. O que não consigo é levar as coisas ao pé da letra, calculo com a exatidão das regras porem penso com a amplidão dos sentimentos. Posso ser apenas mais um desses apaixonados que acredita que só o sentimento tem a capacidade do criar.


Felipe Argiles Silveira