terça-feira, 7 de maio de 2019


A solidão e a aranha 

Sem mesmo a menor das culpas
Perdida no maior dos dias
No tempo sem igual dos vivos
Sem ao menos saber, sentia

No meio de todos os planos
No caos ordenado da pia
No jantar do mais lindo engano
Contrastava, a geladeira vazia

No corredor, lâmpada queimada
No quarto, a pele fria
O tempo insiste, única companhia

Que estranha a vida, julgava ela
Sobre o silencio do meio dia
Ouvia, a trama da aranha na janela



Felipe Argiles

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Quais foram as minhas duas mais importantes realizações ate hoje? Explique porque você as classifica como tal.

Texto encaminhado para o processo seletivo de trainee de uma empresa. A pergunta era: Quais foram as minhas duas mais importantes realizações ate hoje? Explique porque você as classifica como tal. Pergunta complicada de responder... Tive tantas realizações apesar de não ter tantos anos de vida. Me realizei quando consegui cursar uma faculdade federal. O momento de ser acordado por uma amiga gritando: - Tu passou!!! É algo que realmente não vou esquecer. Ajudei vários amigos nesses poucos anos de vida. Um conselho, uma dica sobre como realizar um sonho. Isso é realmente muito satisfatório. Pequenos gestos que vão fazendo as coisas terem sentido. Já gastei muito dinheiro pra vencer algumas barreiras geográficas, moldei o futuro como eu acreditava ser certo, mesmo quando o mundo gritava no meu ouvido que algumas coisas devem ser deixadas pra depois. Realizei algumas loucuras para estar do lado de quem eu amo. Acredito que, para termos realização pessoal, devemos somar todos esses pequenos momentos felizes, que deixamos passar despercebido na correria das horas. Já me realizei muitas vezes com aquele sorriso que roubamos de um amigo. Já escrevi cartas e mais cartas, poesias pra alguém do futuro, passei noites olhando pros céus, observando as estrelas mudarem de cor. E certamente dou grande valor pra essas pequenas coisas. Já planejei aniversário surpresa e realizei um desejo de alguém especial. Já ganhei campeonatos de futebol quando era criança, conquistei medalhas de xadrez, ganhei também congressos de iniciação científica... Cada um com seu gosto especial, sem que eu possa escolher qual foi mais importante. Já troquei flores por beijos, palavras por sorrisos, sonhos por realidades, mas acredito que algumas vezes trocar a realidade por sonhos é fundamental para nos manter caminhando... Já aprendi a tocar violão e tirar fotografias. Aprendi a fazer uma daquelas jantas que passamos dias planejando. Tudo pra receber um beijo no final, como prêmio pela realização. Outra história curiosa foi do dia que tomei coragem pra pedir a guria mais linda do mundo em namoro. Fazia alguns anos que adiava aquela noite, não sei se por medo ou alguma insegurança, mas assim foi... Um bar com uma luz baixa, uma música tranqüila no fundo, mãos suadas e nervosas, cabeça completamente cheia de anos de espera, e então um pedido... E então um “Sim”! Já faz quase quatro anos e sei que aquela noite vai passar muitas vezes pela minha caixa de lembranças. Sou formado em engenharia, nos ensinam a ver um mundo lógico, somar, multiplicar, dividir e obter o resultado exato. Realizações não acontecem como a álgebra, de forma tão simples. Não temos o controle sobre todas as variáveis, por isso não podemos gerenciar algumas entradas que fecham a equação. Isso torna tudo tão especial! O mais incrível é que pode demorar muito tempo para um sonho se tornar realidade. Às vezes, quando você olha para o lado já está tudo lá. O que você precisa saber é identificar o que te deixa realmente feliz, valorizar suas verdadeiras conquistas e planejar futuras realizações, o resto é secundário. O que não posso fazer é dizer qual delas me deixou mais feliz, seria injusto com cada sorriso e cada lágrima que estaria excluindo. Felipe Argiles Silveira

quinta-feira, 19 de abril de 2012

A dúvida

Faz tempo que não escrevo...
Não faltam idéias, pelo contrário
A poesia da idéia nós mantém vivos
Não falta paixão, pelo contrário
Apaixono pelo desejo do descobrir a cada passo,
Como todo apaixonado, misterioso não saber
Também não faltam horas,
Muito menos retalhos de desejos
Não faltam sonhos, não faltam ilusões
Não falta poesia pros momentos nostálgicos
Não falta estrada nem mesmo céu nublado
Música então...
Não falta o vinho, este que embriagar sentimentos,
Nos faz ver pelo contrário e sentir pelo inverso,
No fundo um espelho clássico
Não falta a chama do fogo que queima sem pressa
O andar sem sentido
O sentido sem princípio
O não saber eterno dos poetas
Não falta o beijo, o cheiro do beijo
A observação, a divagação...
A onda do mar, o quebrar constante das ondas
A brisa leve da tarde que se vai e nos deixa uma saudade qualquer
O encanto do plano, o projeto incerto...
Não faltam as palavras ou amor eterno
Não falta o doce, ainda menos o desejo do salgado
Não faltam destinos, caminhos sem volta
A torta e irregular estrada que sobe e desce assim como todos nós
Imperfeição não falta...
Não falta lua cheia nem razões dispersas
Os outros lados, deste caminhar
Beijo roubado, boa noite abraçado
O mais simples acordar
Frio na barriga e sorrisos de graça
O cair do sol...


Já não duvido mais.
Oh dúvida que falta...


Felipe Argiles Silveira

sábado, 26 de março de 2011

A música

http://www.youtube.com/watch?v=QF1qFXGWejE
O que escutava quando escrevia, escutem...


As vezes nos encontramos onde nunca estariamos
Conversando com nos mesmos, coisas tão obvias quanto o proximo instante
Escutando algo que nunca ouvimos
Que nunca pensamos existir, em um apartamento de um quarto em um predio qualquer de uma cidade distante.

E quando olhamos pra traz e toda nostalgia do passado toma conta de um ser que não é aquele de dois minutos atraz
A chuva ainda é amesma na janela do nono andar…
O tempo é eterno, os horários que são diminutos
Assim como os olhares, como os milhares de milhões

Faz tempo que não escrevo, que não percebo algo for a do normal
O tempo não para diria o poeta…
A velocidade da vida, os infinitos instantes integrados por um sinal equacional,
Não para na velocidade do pensamento, nos momentos eternos da caixa chamada lembrança
O tempo voa como os gênios, como sonatas perfeitas na metrica da indecisão,
No segundo mais guardado dos segredos mais fechados…

O tempo para quando vejo teus olhos…
A música imperfeita que soa deles.


Felipe Argiles Silveira

sábado, 26 de junho de 2010

Insatisfação

O homem é engraçado
Quando pode não quer
Quando quer não pode

Quando é grande quer ser criança
Quando criança quer ter bigode
Quando tem grana que ser hippie
Quando é hippie quer ser lord

Quando tem sorte, tem medo
Quando tem medo, tem sorte
Quando engana é chique
Quando é chique não pode

Quando sonha quer dança
Quando dança quer cama
Quando tem nada quer tudo
Quando tem tudo reclama

E assim, sem ser vai sendo
E assim, sem querer vai querendo
E nunca queima quando arde.


Felipe Argiles Silveira

segunda-feira, 12 de abril de 2010

A Mistura perfeita

É como chocolate com castanha
Ou melhor, morango com sal
É combinação estranha e tão normal
Assim como praia sem cama, rede sem sono
É como mar e lua, calçada, rua e temporal

E assim as cores mais raras se tornam simplesmente claras
E as palavras mais belas são simplesmente aquelas,
Que se escuta quando você está

É simples assim,
Como física analítica, romance e política,
Como guardar segredo até o fim
É tudo isso que não vejo, imagino e não esqueço
De uma parte que faltava de mim.


Felipe Argiles Silveira

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

O que será?

O céu que muda de cor,
Ou cor que muda de céu?
O beijo que muda de boca,
Ou a boca que muda de beijo?
O tempo que muda de plano,
Ou o plano que se perde no tempo?
O sentido que perde o perfume,
Ou o perfume que perde o sentido?
O engano que provoca o acaso,
Ou o acaso que provoca o engano?
A rotina que engole o desejo,
Ou o desejo que engole a rotina?


Os que não entendem os olhos não entendem as mãos,
Os que não entendem as mãos não entendem os medos,
Os que não entendem os medos não entendem os passos,
Os que não entendem os passos não entendem os olhos e não enxergam os caminhos

As nuvens quem mudam as formas,
Ou as formas que mudam as nuvens?
O tempo que muda as coisas,
Ou as coisas que mudam o tempo?
Os ventos que sopram os medos,
Ou os medos que sopram os ventos?
Os sonhos que mudam as pessoas,
Ou as pessoas que mudam os sonhos?

Quando vê aconteceu,
Sem aviso e de repente...

Será a gente que não esquece a saudade,
Ou será a saudade que não esquece a gente?


Felipe Argiles Silveira