Tenho medo do domingo, tarde morta quieta traz a angustia em seus ombros.
Tenho medo do domingo, onde minha mente vazia é morada pra tristeza que vem de longe.
Tenho medo do domingo, tempo onde o delicado e a estupidez são amigos íntimos e brincam juntas no cair da tarde.
Tenho medo do domingo, das ruas mudas, dos becos mortos, paredes surdas.
Tenho medo do domingo, os perigos não estão à vista, estão descansando, tranqüilos em casa, na espera da madrugada.
Tenho medo do domingo, nem os pássaros cantam, nem o vento sopra, nem os rios correm, apenas o tédio é companheiro e me persegue com a programação pobre da TV que é alimento pra essas mentes secas.
Tenho medo, medo do domingo, buraco sem fundo, onde o nada é simplesmente o que nos resta.
Tenho medo do domingo, apenas à certeza do incerto, mundo quieto porque amanhã é segunda.
Felipe Argiles Silveira
terça-feira, 19 de junho de 2007
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Um comentário:
Os domingos existem como válvulas de escape das semanas cheias de tédio. Não fossem os domingos explodiria nossa frágil normalidade mental. Perceber isso é um grande sinal de lucidez, dizer isso aos outros tem que ser artista. Ser escutado pelos outros é ser gênio.
Pena que os gênios e os artistas não são vistos nas horas vagas dos domingos. Abraço Piti.
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