segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Novela

Por um instante no dia todos perdem a consciência
O mundo ensurdece na frente dela
Olhos voltados para uma caixa escura
Onde dentro há cores que mudam todo momento de lugar
Embaralham, enrolam olhos vidrados
Olhos cansados do preto e branco dos dias
As cores dançam com leve vento,
E a imaginação cansada do peso do tempo,
Descansam nos segundos que se vão.

As flores morrem com a rotina,
Na caixa mágica a rotina é inventada
Tudo se cria da maneira que se deseja
Porém influencia na rotina de cada um
Manipula-se vidas mortas com alegrias coloridas,
Fazem a vida perfeita,
Jogam todos os defeitos em um futuro falecido,
E na hora da continuidade da história,
Onde o nada e a monotonia tomariam conta de todos,
Simplesmente três letras coloridas anunciam um ponto final
E daí?
E agora?
O que será dela sem seus problemas?
Mas isso não tem importância
Problemas novos virão amanhã
Idênticos aos já resolvidos, mas novos
Soluções fáceis geram problemas complexos.

Porém os olhos cansados se encantam
Até lágrimas escorrem no meio de toda poeira
E o cheiro e o gosto de realidade
Acho que nunca sentiremos.


Felipe Argiles Silveira

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Papel em branco

Um papel, uma caneta e uma história na cabeça,
Pra escrever mentiras que escondo de mim
Teu beijo, tua boca pra esconder meus lábios,
Que falam pros outros tantas besteiras
Te inventei na medida, to tamanho que quis
Pra caber minhas loucuras e minhas verdades
Pra saber dos meus medos e guardar meus segredos
Te criei do avesso assim como sou
Me apaixonei por mim...


Felipe Argiles Silveira

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Como ser?

Me irrita
Lembranças
Frases jogadas
Caídas ao acaso
Em bocas erradas

Me irrita
Esse estar parado
Sempre parado
Esperando por mim
Este estar cansado
Esperando os outros

Me irrita
Falta de coragem
Me irrita bobagens que saem de ti
À noite, a volta sozinho
A morte,
Me irrita a sorte de te ver aqui

As tardes são tristes
O sol não desiste de me fazer sorrir
De iluminar os passos,
Não ignoro os traços que deixou em mim

Me irrita a lua
O tédio,
Os dias que passam
Como as águas lentas de um rio sem fim,
Carregam as mágoas
Que quero que fiquem
Pra esquecer das horas que passei feliz


Felipe Argiles Silveira

domingo, 5 de agosto de 2007

A criança e a bicicleta

Era larga avenida
Ali passavam tanques
Naves espaciais
Passava no fim da tarde
Ate o sol por ali,
Grandes árvores e montanhas
Escondiam aquele caminho secreto
Infinito e reto
De concreto,
Por ali passavam monstros
Passava a formiga, a borboleta
E a bicicleta sem rodinha
Era longo o trajeto
Ate a nogueira
E quando a tarde se fazia pequena
E lua escondia seus segredos no quintal
Era apavorante o caminho
Curto e torto
Dois ou três passos,
As árvores adormeciam
E com ela os monstros
E a bicicleta vermelha,
Os velhos dormiam cedo
A janela se fechava
A porta
E o caminho escuro atrás delas
Que se enxerga apenas
Por uma fechadura antiga
O tempo que voava
O sol que corria pelo céu
O vento
E ate o barbudo contador de histórias
Todos dormiam cedo
E o caminho renovava seus segredos.


Felipe Argiles Silveira

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

No outro lado

Esquecer do lado contrário
Com vem sempre à maioria,
Minoria sabia, tão justa
De boas maneiras, corretas e planejadas
Reprovadas como seus donos.
Donos de posse,
Donos do certo,
Donos do dano,
Prevêem o incerto com arrogância,
Fazem da pequena criação seu caos
Fazem do antigo padrão seu pão
Sábios são eles que trocam moedas pro vidas.

De lados contrários
Avesso em sonhos,
De simplicidade,
Da vida de poucos

A maioria gira o mundo
Leve e breve como a primavera.
Moedas pesam muito,
Abafam os gritos.
Vozes de falsos sábios,
Esquecem de lados contrários.


Felipe Argiles Silveira

Mundo relativo

Separei em mil pedaços
Um pedaçinho de nada
Parte pequena, apenas pra mim
Porém com o tempo,
O tempo que tudo mostra

Do meu pedaço já não gosto!!!
Apertado me sentia
Correr não podia ali, pular não podia ali
Gritei comigo,
Quero um pedaço maior!!!

Observei os meus lados,
Sonhei acordado com meu pequeno pedaço
Imaginei e ultrapassei fronteiras
Imaginarias fronteiras.
Os pedaços se juntaram,
E do pequeno pedaçinho um pedação surgiu.
No mesmo lugar meus pés pisavam
Porém lá do alto,
De onde minha mente estava,
Via um universo imenso
Pedaços onde nem o sol tocava
Porem lá do alto,
De onde eu me encontrava,
Meus pés flutuavam
Em nuvens pisavam sem o chão tocar.


Felipe Argiles Silveira